quarta-feira, junho 25, 2008

Utensílios

Tesoura
de cortar pesadelos

Agulha
que costure o fio de lágrimas

Colher
(pra adoçar as palavras)


pra parar de medir as mágoas

quarta-feira, junho 18, 2008

Arco-e-flecha

O sangue seco do chão
brotando por suas ruas
não-becos, calhas e luas
por vento lento
pulverulento

Por ímpeto sagitário,
que vila vã cinabrina
almeja a volta ao Atlântico?
Minha mercúria menina,

no tic-tac do erário,
tuas setas tintas de dentro
coagulam em par romântico
o virgem verde do centro.

Pó rubro, não vens em vão.
Brasília te utiliza
e a vida que paralisas
é seca, mas coração.

E sei, sinto, pelo ar,
que a cada frágil instante
esperas chuva cintilante
para pulsar...

terça-feira, junho 10, 2008

Segredinho

ofusca
alma que brilha
e trilha
a picadilha

tão brusco
e andarilho
partilho
os pecadilhos

segunda-feira, junho 09, 2008

Leve afeto

coração que brinca
coração que blefa
ele não se finca
ele só me leva

e se ele te trinca
não te deixa treva
pois tanto te enleva
que também te vinca

e se ele aposta
depois só eleva
e se ele gosta
sempre existe entrega

se não tás disposta
ele te carrega
e se ele fez bosta
você me releva?