Tenho andado tão certinho
um homem perfeito, assim tão direito
que dorme na linha e sempre cedinho
na batalha diuturna de escritório
E na vida minha de burocrata
rotina paulatina da sala ao mictório
nos corredores verde-grises do governo federal
cruzando a soberba vã dos diplomatas
durante um ploc-ploc qualquer dos sapatos brilhantes
após conversas e pessoas insípidas de café
me sinto travesso, prevejo um tropeço
ainda que por um instante
a um gênio qualquer
eu peço um desejo
e logo te vejo
menina-mulher.
tu surges assim triunfante
não me reconheço, me ponho do avesso
puxo-te um papo sem topo nem pé
e a vida rebola com a graça de antes
vêm-me ânsias imensas e exatas
vou te raptar desse dia banal
ofertando meu amor provisório
sem dramas e sem serenata
sem falsas promessas de mau parlatório
Eu digo o que quero... tua mente adivinho!
Teu jogo com jeito de êxtase aceito
e gozo gemendo baixinho
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