terça-feira, novembro 18, 2008

Escorpião

Seu rastro é perceptível, que tal?
no cheiro de enxofre cósmico,
na trilha aérea internacional
na urina dessa meia-lua,
na noite parceira de rua

a música já ouvi
levanta o astral
e canta...
o cara-de-pau

das ruas da bastilha
ao mercado de omdurman
o trem... singra pelo ar
espiando pela escotilha
no catar ou em amsterdam
ele vem, vai desembarcar

Ele pica antes de atirar

Está levando a cabo
a nossa destruição
que doce este final!
Terrível o tal diabo
do inferno astral

domingo, novembro 02, 2008

Andarilho

Esta poeira grudou em minha pele
corro no vento para torná-la ao nada
por ora, volto para de onde vim...

Mas a terra ínfima, pulverizada,
da cor da noite não há quem desatrele,
se a poeira hoje é parte de mim.

Este vento resfriou-me de levada
um mar de pó que tanta vida propele
são faces e risos e coisas sem fim...

Pois a terra ínfima, pulverizada,
da cor da noite não há quem desatrele,
se a poeira hoje é parte de mim.

Não há eu que o movimento cancele,
ainda que a reflexão da mente em caçada
seja vaga, leviana e ruim.

Mas a terra ínfima, seca, pulverizada,
da cor da noite não há quem desatrele,
se a poeira hoje é parte de mim.