sexta-feira, abril 29, 2011

Ventania

Papelzinho decola no frio
doce voo sem asas

seu corpo solto
não pensa, só sente
a suspensa corrente

na brisa envolto
acaricia a cidade
desafia
a grave idade

seu destino fatal
chega mais rápido que ar
da noite de Dacar

quinta-feira, abril 21, 2011

Infecção

a hiperemia do meu peito
me toma o respeito
madrugada
se queima assim não vai restar nada

cresce em mim como um edema
poema que pune
meu sistema imune

Inspeto a pira, tá certo
inspira,
inseto

sábado, abril 09, 2011

Febre

Dança em delírio a madrugada
esse tempo de tudo e de nada
cintila e incendeia a calma que havia

Retornarei numa manhã fria,
mas a normalidade morna, apagada,
derreterá os cristais que levo em meus olhos