terça-feira, novembro 23, 2010

De volta a Sampa

à meia-noite
da minha velha torre
revejo os sonhos que finjo querer esquecer

revisito a cidade revolta
e bem hoje
em vez de se conformarem
os cidadãos resolveram apaixonar-se

a chuva inflama e entope o formigueiro frio
súbito explodem
os corações contidos em cápsulas,
bondes,
baldeações

estou perdido no labirinto
cidade violenta
em que os sonhos sequestram e fazem reféns

domingo, novembro 14, 2010

Falsa idade

o raio que gira daquela torre
encontra um observador noturno,
que recebe e devolve
os sonhos na imensidão azul

a vida
é a morte do sonho
que é a morte da vida

na cidade dos sonhadores apaixonados
só vejo a implicância elegante
o desejo de vida e morte

do papel branco ao pó cinza, ao negro,
um cinismo fatalista charmoso
destituído de charme

na noite azul e amarela da cidade da luz
talvez eu esteja errado em continuar
querendo sonhar
negando a paz, negra paz

mas às vésperas dos trinta anos
só queria que meu coração batesse mais

Paris, 14/11/2010