sexta-feira, maio 23, 2008

Endeusando

Arbítrio retorta
saltando da alma
soprando a vida

marreta a calma
no aço da porta
e forja a saída

quarta-feira, maio 14, 2008

Salvem nossas vozes!

O não-acontecimento
trouxe rimas mais impuras
perturbou as estruturas
de nosso edifício bento,

nada havendo no ar que brade
pelo nosso salvamento.
Veio vento violento
e pôs fim à voz dos covardes.

O cenário que se afigura
demonstra fragilidades,
expõe as veleidades,
ofende a literatura,

faz do caos o soberano
e mata sem avisar.
Tira do parceiro o par,
torna o divino mundano.

Sem voz que logre entoar
ante o mal a tal canção,
disso sendo anfitrião,
só vou me manifestar

silenciando, por que não,
no plano da ação no plano.
Nada há de mais humano
que aguardar intervenção...

sexta-feira, maio 09, 2008

Gateando

Gorgolejo tua essência

Gazeteando em lençóis
grafamos na cama
o alfa e o gama:
É greve entre nós.

Instigo as gônadas,
galante e gracioso,
e cravo no gozo
a garra que mata

em tua pele, teu pêlo de gata

sábado, maio 03, 2008

Inverno

Não trema
o frio esquenta
nem tema
o coração

falei-me
o cedo nem sempre é tarde
calei-me
do jeito que é mais covarde