quinta-feira, abril 27, 2006

Pendulando

Vedo as entradas do vestíbulo
o nada logo prevalece

Meu som pranteado cruza a treva
e volta

O oco escuro e cúbico
nota o cavo profundo da alma

reverbera
no peito ressoa
desespera

mas se esvazia
e me deslustra
mas me deslumbra
e sente o dia.

Acabo de acordar.
Distraído, percebo que já esqueci o sonho.

Marcus 27.04.05

domingo, abril 23, 2006

Inconstância

Colhe a lua, mas não a esperes
pois a lua é mutante no céu
ela ama, inflama e fere
e faz aviões de papel.

A lua errática desatina
pois não possui luz, mas reflexo
do sol que a ilumina
nas noites quentes de sexo.

Entre a estrela e a lua, já disse, sou lua
pois a lua é inconstante
às vezes, amiga
às vezes, amante.

Marcus 19.04.06

sexta-feira, abril 21, 2006

Oito dias

Bom galerinha, pra todos que me pedem notícias: vai começar a última fase do concurso!
Tem menos de duzentas pessoas, cem vagas, estamos dentro dos 30 melhores so far!

É a hora da fé, e do estudo!
Vou passar um bom tempo sem passar por aqui, mas espero boas energias de todos vocês!

Desejem-me sorte!
(E deixem comentários!)

Žert

a Kundera

--
Sempre gostei de brincadeira,
mas dela virei vítima.
Como bom apostador, nunca paguei todos os meus blefes.

E meu blefe
despretensioso
desinteressado
feito assim de brincadeira

você não aceitou.
E o que pouco importava
imensamente me frustrou.

Marcus 21.04.06

Concentração

A concentração
concentra a ação
no centro.

Centros concêntricos
centralizam as margens
paralisam
na marginalização.

O sítio são flores
são cores
são livros.

E tudo é só estudo.

Falta tu.

Marcus 21.04.06

O vento sudoeste

Súbito percebo-me insulado;
as pontes não objetam o outro lado.
Como em um cérebro bêbado, em minha vida
sobrelevam as sinapses falidas.

Acordei com ressaca após beber nada.
A ressaca subiu a praia
chegou na calçada
molhou os pés.

O cheiro de chuva vem do sul, do oeste,
recolhe a embarcação o pescador.
Mas o novo dia de fé me veste
se vem a ventania do amor.

Marcus 21.04.06

sexta-feira, abril 14, 2006

Capricho

Caprichei no meu capricho
e no processo
tornei-me bicho.

O instinto é coisa tinta
é coisa tonta
adjacente.

Marcus 14.04.06

Coração

O cara cora, ora
A musa ousa, usa
a vida ida.

A mente mente.

Marcus 14.04.06

Luciferiando a dois

anjos caídos
ruas da vergonha

Duas almas alíferas ceifadas se chocaram
desnorteio momentâneo
enlevo sucedâneo
do sangue que ainda jorrava das costas

Fumaças negras se elevaram em espiral
O cáustico invadiu as carnes dos homens
Um rufar sinistro se elevou sobre as cores
E com o soar dos pratos veio o sol

sol que indiscrimina todos

A rua não deixou de ser de vergonha
mas mesmo desalados eles ganharam
o ar
a noite
a cama

e dia após dia estatuíram
que amor impuro não deixa de ser amor

Marcus 14.04.06