terça-feira, março 29, 2005

Brasília

vou à capital federal por alguns dias. Cidade enfadonha, de muito horizonte, muito sol e muito ar seco. Vai ter muita saudade também. Um lugar onde quase não há esquinas, onde andar a pé não serve pra nada além de fazer exercício e onde tudo é longe. Vou passar umas férias pagas pelo governo, a base de palestrinhas e coquetéis. Já não vejo a hora de voltar.

Quanto ao blogue, não descuidei não, só ando meio atarefado com a proximidade do concurso. O conto lá fica pra sexta-feira, quando eu voltar à inigualável São Paulo.

Abraços e beijos pra vocês --e boa viagem pra mim.

domingo, março 20, 2005

Sábado rouco

Foi um sábado muito dez. Não fugi das responsabilidades (11 horas de aula que, aliás, renderam...), me diverti pra cacete. Estudo, festa, o amor. Tudo na medida certa. Inclusive o pagode, hehehe... agora só falta a voz voltar.

O meio segundo - 1

Aquele meio segundo. Parecia uma eternidade, às vezes. De resto, tudo ia bem, até demais. Exatamente da maneira em que, em qualquer outra ocasião, ele chamaria de perfeito. O sol quente estava bem pregado no céu azul, a leveza, no ar, e o bom humor, no sorriso; estava perfeito até demais, era de se desconfiar. De repente dera sorte na vida: uma folga inesperada no trabalho, o fim-de-semana por aproveitar e seu amor estendido ali, perfumando seus lençóis.

Foi aí que ele viu algo errado. Ou melhor, ela viu. Não a viu acordar, estava no banheiro se arrumando, mas percebeu sua presença. Olhou-a pelo espelho. E, no auge do seu brilho extático, o meio segundo apareceu. Sim, só meio segundo. Eles se sorriam, olhavam um para o outro no reflexo, noventa perfeitos graus. Mas quando ela desfez o sorriso, assim como a gente faz quando gosta de alguém, devagarinho, um olhar estranho, meio enviesado, caiu como uma bomba em seu coração. Meio segundo. E, subitamente, ele pressentiu algo de errado. Sua felicidade tinha uma nódoa.

Na primeira vez em que a gente vê essas coisas, não quer acreditar. Mesmo quando sua intuição diz que algo está acontecendo e você não sabe o que é. E, se você não sabe, é porque provavelmente não é bom. Por que ela o olhou daquele jeito? Aquele sorriso me dizia alguma coisa, alguma coisa que não era boa... o quê? Será que ela não gosta mais dele? Mas que porra é a intuição masculina? Que pressentimento idiota...

Ela saiu. Ele olhou no espelho para si próprio. Devia ser lá que estava o errado, uma pasta de dente que sobrou no canto da boca, uma remela resistente pregada no canto do olho. Nada. O cabelo, a limpeza das orelhas. O nariz. Os dentes. Os pêlos do peito. Nada, nada, nada, nada. Estavam mais perfeitos do que jamais estiveram.

Olhou para o espelho de novo, para o ambiente. Um pote de creme amarelo de cabelo aberto ressecava no ar quente da manhã. Uma pasta de dente aberta, como sempre deixava, nutria o mármore da pia com o melhor do flúor e da ação branqueadora. Escova de dente desfiando. Os pêlos descendo, a toalha amarrada em sua cintura. A prateleira de desodorantes e colônias, um frasco verde reluzindo.

(Conto em muitas partes; continua em alguns dias...)

segunda-feira, março 14, 2005

Clock-ticking

Finalmente consegui me organizar para estudar pro concurso. Diariamente, em uma mesinha, fazendo fichamento, do jeito que deve ser. A matéria já está na cabecinha, só precisava de um pouco de organização. Ainda assim, pra estudar prefiro sozinho, funciona melhor. A inscrição faço só na quinta-feira. As semanas que restam para a primeira fase são cinco. Português, história, geografia. Português, história, geografia. Português, história, geografia...

O passo adiante

O passo adiante
caminho sem volta
saudade que é tanta

Adio ante o passo
meu amor por ti
fica na garganta

Passo antes do dia
só pra te admirar
mal sei o que faço

Adianto o passo
de encontro a ti
e caio em teus braços.

Marcus 14/03/05

terça-feira, março 08, 2005

Sobre os trilhos

Ei! Por que me empurras? Assim dizia,
durante um audaz deambular trôpego,
esse nosso equilibrista sem fôlego
que por fim desabou na ferrovia.

O vento o derrubara, assim pensava
provando estranho gosto de cascalho
maldizendo o maldito do atalho
que sua embriaguez dificultava.

Porém nenhum caminho é maldito,
são apenas chãos que vão ou que vêm
em cada apropriação do infinito

que chamamos vida e que, mal ou bem,
acabam; nesse caso, com o grito
do homem que se esqueceu do trem.

Marcus 08/03/05

( é sobre um filme tosco q vi em um desses canais de clássicos, em uma cena obviamente sobre um bêbado que morre nos trilhos.)

segunda-feira, março 07, 2005

O boa-noite em meias-rimas

Ébrio com tua essência
sorrio radiante,
e, mesmo dependente
da falta de distância,

me separo, claudicante.
Já me ocorre uma ânsia
de rever tua florescência,
mas levanto, penitente.

Carrego-te na lembrança,
pensando no que se sente;
a mente está no antes,
o antes na efervescência

que segue sempre premente.
Se me toma a dolência
ou a dúvida me cansa,
sigo sempre adiante.

Marcus 07/03/05

Velho

Odeio me sentir velho e ficar falando aquelas coisas "no meu tempo", "na minha época", sempre seguidos de um "isso não acontecia". Mas é triste ver que o que passou, passou, que o que se prezava ontem, hoje se deteriora. As festas do IQ deste ano são um exemplo disso. E não há o que mude a situação. A descabacificação foi sumariamente derrotada. Eles venceram.

quarta-feira, março 02, 2005

O balão

Em um momento de calmaria
resolvi respirar fundo.
Cheio de ar quente, meu peito
ganha os céus da noite fria...

Sob elevação meu espírito
procura a morte nas nuvens.

Marcus 02/03/05